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Fonte: Folha do Estado
Pelo menos 76 casos suspeitos de reinfecção pelo novo coronavírus são investigados na Bahia, segundo informações do infectologista Antônio Bandeira, que trabalha na Vigilância Epidemiológica do Estado.
"Ninguém hoje duvida que existe a reinfecção. A reinfecção existe sim, a reinfecção está provada na literatura através dos inúmeros casos que já foram publicados e aqui no Brasil recentemente", disse Antônio Bandeira.
A Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) informou que vai divulgar na terça-feira (15) os dados em relativos a análise de suspeitas de reinfecção na Bahia.
Os especialistas explicam que as infecções são causadas pelo mesmo vírus, mas com assinatura genética diferente e, por isso, o corpo não tem como se defender.
No dia 10 dezembro, o Ministério da Saúde havia confirmado o primeiro caso de reinfecção pela doença no país. O órgão disse que trata-se de uma profissional da área da saúde, de 37 anos, que mora em Natal (RN) e trabalha também na Paraíba.
Caso suspeito
Josy Aguilar, moradora de Teixeira de Freitas, cidade do sul da Bahia, é uma das pacientes que acredita ter se reinfectado.
"Comecei a sentir um pouco de uns arranhões na garganta, isso só foi aumentando, um pouco de febre. Aquela febre que não é aquela que aquece a pele, ela é interna, dói muito todas as articulações", contou.
"As pessoas que já tiveram se sentem seguras e, na verdade, não existe essa segurança, porque a gente não sabe quanto tempo essa imunidade dura", disse a coordenadora de vigilância epidemiológica de Teixeira de Freitas, Rosidalva Barreto.
Critérios para diagnóstico de reinfecção
Para confirmar o diagnóstico de reinfecção, os especialistas levam em conta alguns critérios, como o intervalo mínimo de 90 dias entre a primeira e a possível segunda infecção e resultados positivos do PCR, exame que identifica o vírus, nos dois momentos.
"Comparar o vírus das duas infecções e ver se são vírus diferentes, geneticamente diferentes. De alguma forma mostrar que não é o mesmo agente, com a mesma sequência do código genético igual ao da primeira vez", explicou a pesquisadora da Fiocruz, Viviane Boaventura.
Segundo os especialistas, a maioria das pessoas desenvolve anticorpos depois de infectadas. São esses anticorpos que garantem a proteção em um possível ataque do vírus.
Entretanto, os especialistas afirmam que o novo tipo do coronavírus, diferente do que a pessoa já teve contato, pode atingir o organismo, impedindo que o corpo se defenda. Também não há uma definição sobre o tempo de atuação dos anticorpos.
"Então, a grande pergunta que a gente tem hoje é quanto tempo dura essa resposta de defesa do indivíduo. A gente espera, acredita que essa resposta tenha uma duração longa, mas em alguns casos isso não parece acontecer. O que a gente sabe é que quem tem sintomas mais leves pode montar uma resposta de defesa menos intensa e ser mais suscetível a reinfecção. Isso é uma possibilidade baseado no que a gente tem visto de relatos", relatou Viviane Boaventura.