Fonte: G1 Bahia

Imagem: Arquivo Pessoal

Imagens de redes sociais mostram detalhes da denúncia contra as condições de trabalho na obra da empresa chinesa Build Your Dreams (BYD), realizada no polo de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. O caso é apurado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) que abriu inquérito para investigar a denúncia.

Fotos e vídeos feitos no canteiro das obras - e incorporados à investigação do MPT - mostram operários trabalhando em condições precárias. Há registro de refeições coletivas sendo servidas aos operários em coolers e baldes, além de banheiros sujos e com pias entupidas.

Outro vídeo mostra ainda um trabalhador carregando dois baldes de cimento, com aparente dificuldade, além de funcionários descansando no chão da obra.

Em nota encaminhada à reportagem na segunda, a BYD ressaltou que "determinou" que as empresas solucionem todos os pontos apresentados pelo MPT e reforçou as medidas comunicadas pelo vice-presidente sênior da montadora no Brasil, Alexandre Baldy.

Uma inspeção foi realizada pelo MPT na montadora no dia 11 de novembro, 12 dias após o recebimento da denúncia anônima. O órgão não detalhou se flagrou situações degradantes durante a ação, mas informou que, além da empresa asiática, três terceirizadas contratadas para prestação de serviço no local são investigadas.

Na segunda, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), esteve no canteiro, ao lado da CEO da BYD para as Américas e Europa, Stella Li, o vice-presidente sênior da montadora no Brasil, Alexandre Baldy, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT).

Na ocasião, os representantes da empresa mostraram o progresso da construção para o governador e a imprensa e comentaram os supostos problemas. Durante uma coletiva, a BYD também se manifestou sobre as acusações, repudiando o teor da denúncia.

    "A BYD respeita as leis brasileiras. Ela trabalha dentro de toda a legislação, seja trabalhista, de relação com o meio ambiente e seja com relação à imigração. Desta forma, toda e qualquer relação comercial, de trabalho ou de serviços que aqui são prestados passam por uma minuciosa auditoria", afirmou Alexandre Baldy.

O vice-presidente sênior da empresa assegurou que não será tolerado "qualquer desrespeito à relação entre pessoas", e prometeu que, caso ocorram infrações, os responsáveis terão os vistos cancelados e voltarão para a China, país de origem da montadora. Apesar desta informação e das imagens, não foi confirmado se os operários que enfrentam os supostos problemas são asiáticos.

Baldy pontuou também que a empresa aumentará as vistorias na obra, em meio aos investimentos. "Fizemos esse compromisso com o prefeito eleito, fizemos esse compromisso com o governador Rui Costa e com o Governador Federal, na pessoa do ministro Rui Costa", pontuou.

Questionado sobre a situação, Jerônimo Rodrigues defendeu a BYD e se colocou à disposição da empresa.

    "Eu confio na BYD. Conversamos ontem (domingo), trouxemos tomadas e atitudes sobre o que foi denunciado. Nós vamos defender as leis trabalhistas. Eu confio e estarei ao lado para resolver todas as pendências ou qualquer tipo de denúncia que chegue a gente", disse o governador da Bahia.

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Durante a visita, a BYD destacou que a "Fábrica 1", destinada à montagem de veículos, já teve 80% da fundação e 40% da cobertura e do piso concluídos. Já o canteiro de obras e a preparação do terreno estão em fase de finalização.

Na ocasião, além do canteiro onde funcionará a estrutura da montadora, também foi exibido o novo motor flex que será usado nos veículos produzidos na Bahia. Modelos estavam dispostos no local para os visitantes.

A empresa anunciou início da operação industrial para janeiro, com 2 mil vagas iniciais, ampliadas para 3 mil até março, totalizando os 10 mil ao final do ano. A estimativa é de 20 mil trabalhadores no local até 2026.

Obra em investigação

Segundo detalhes divulgados pelo MPT na quinta-feira (28), informações são reunidas para a apresentação de uma proposta de ajuste de conduta ou uma ação judicial contra as empresas envolvidas, a depender das apurações.

Além do relatório da visita, documentos solicitados para as companhias serão analisados durante a investigação. Entre os papéis, estão cópias dos contratos de trabalho, vistos de trabalho para os estrangeiros que atuam na obra e planos de prevenção de acidentes e de saúde ocupacional, que deverão ser apresentados nos próximos dias ao órgão.

Segundo o MPT, o procurador responsável pelo inquérito, Bernardo Guimarães, não descarta uma nova inspeção, principalmente diante de "relatos de violência física" surgidos nos últimos dias.


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